31 de dezembro de 2015

me myself and i


Quando 2015 chegou, entrei a saber que ia bater no fundo e, talvez por isso, fui salpicando o pior com fugas bem vividas. Amigos. Música. Viagens maiores. Passeios mais pequenos. Sestas. Filhos ♡. Vivi bem. Aprendi muito. Aprendi a lição. Dura, mas necessária. Hoje sei que sou capaz de mais do que pensava conseguir. Hoje olho o mundo, os outros e a mim mesma do alto do monte. Sem neblina.
A vida às vezes precisa de baralhar e voltar a dar jogo.
Agora preciso de tempo. Preciso que 2016 seja meu. Seja o meu ano. De fazer o que eu quero e que me acrescenta. Fazer o que me faz feliz. Meu.
E eu tenho tantos planos para ti, 2016. ☆





29 de dezembro de 2015

vadiar

O que nós gostamos mesmo de fazer é vadiar. E quando não conseguimos ir longe, gostamos muito de ir às redondezas como se não fossemos de cá. Hoje foi a vez de Badajoz. Há cada vez menos dúvidas a respeito de como estamos alinhados na maneira, no ritmo e no olhar quando vamos de passeio.


23 de dezembro de 2015

o que importa é o amor

Passaram trinta e nove anos desde que nasci. Passaram muitos mais desde que comecei a viver muitas vidas nesta vida só. Às vezes já não me lembro de coisas que fiz, lugares ou pessoas e as pessoas zangam-se comigo por isso. Mas como explicar que eu já vivi muito mais que trinta e nove anos e que deve ser por isso que não consigo arquivar devidamente tanta coisa?
Hoje muitas pessoas apareceram e muitas disseram-me coisas sobre mim, sobre o seu olhar sobre mim, sobre o seu tempo comigo. Muitas usam muitas vezes a palavra diferente. Obrigada por isso. Essa diferença que já tentei combater, sei hoje, que é tudo o que de melhor sou.
Não sei o que é suposto fazer quando se chega a esta idade. Aliás, nunca soube o que era suposto fazer em idade nenhuma. Também sei cada vez menos de quase tudo. Principalmente das pessoas. Onde eu me incluo, claro. Sei que as pessoas entram e saem da nossa vida. Algumas entram no coração e saem da vida, outras saem do coração mas continuam na vida. Tenho tentado manter na vida as que mantenho no coração. Mesmo que não seja fácil e mesmo que eu ande sempre em fuga para qualquer parte. Mantenho no coração muitas pessoas. Procuro a cada momento ser o melhor que consigo e espero que não se aborreçam quando o melhor que consigo é muito pequenino. Continua, acima de tudo e apesar de tudo, a ser tudo o que sou. 

O que importa é o amor, o resto é consequência.











































Esta blusa com que apareço na foto foi feita para mim por uma amiga, com a letra de uma das minhas canções preferidas. Foi a última prenda que recebi, já quase à meia-noite e resume bem o meu dia, as minhas pessoas. A minha vida.

7 de dezembro de 2015

do amor incondicional

A pouco e pouco a normalidade vai regressando lá a casa.
Embora continue a trabalhar mais do que devia, não ter o PhD sempre dentro de mim tem produzido efeitos muito positivos. Acho que os meus filhos têm a mãe de regresso. A semana passada consegui ter paciência e disponibilidade para fazer o jantar quase todos os dias e só comprei feito um dia! A casa começa a estar sob o meu controlo, muito embora ainda tenha que recorrer à minha empregada algumas vezes. E à minha mãe quando acende a sirene vermelha. Basta um desvio da normalidade e ainda vai tudo pelo cano abaixo. Estou colada a cuspo. Mas colada!
O Tiago voltou a conseguir organizar-se e estudar e começo a perceber o que a minha ausência provocou. Também noto na Madalena o meu impacto. Está novamente segura, determinada e alegre. A alegria que tinha escorregado para as birras constantes voltou. Vejo o que a Mia cresceu e às vezes apetece-me dizer-lhe que já pode voltar a ter 14 anos novamente, que eu tomo conta (de mim e deles) a partir daqui, mas acho que isso já não volta mais atrás.
Aliás, nada volta atrás. Mudámos todos. Estamos os quatro maiores do que éramos antes. E se eu perdi muita energia e disponibilidade eles perderam seguramente mais que eu. Noto quando me perco a pensar_como eles dizem_ na verdade quando me perco porque não consigo continuar concentrada no que estava a fazer ou falar, eles calam-se logo e fazem sinais aos outros para pararem de fazer barulho e ficam à espera que eu volte. Nada apaga o preço deste doutoramento para a minha família. Nada.
Mas sinto-me a recuperar a vida, passo a passo. Muito mais lento do que queria e do que pensei que seria. Já deixei todas as drogas que tomava há dois meses, mas ainda sinto os efeitos secundários que me deixaram. E não vou comentar os cabelos brancos, as olheiras que parecem crónicas e o ar permanente de quem acabou de sair do cú do burro.
Está por vencer a falta de vontade para os outros. Para estar com eles, para os ouvir, para me rir e descontrair e querer sair só para sair, sem mais nada. Sem sentir ansiedade por estar ali. A minha escolha continua a ser estar sozinha todo o tempo possível que conseguir. E quando isso acontece a casa continua a estar em silêncio e na penumbra. Um dia volto. Esse dia ainda não chegou.
Mas para a minha família, este fim-de-semana foi o melhor dos últimos tempos. Consegui fazer tudo sem me irritar com coisas de nada e até consegui estar um bocadinho na varanda a apanhar sol sem adormecer em milésimos de segundos.
Domingo ao final do dia decidimos que merecíamos ir patinar no gelo! A Madalena prometeu que se ia portar bem. Basicamente, prometeu que ia deixar-nos patinar sem que a tivesse que tirar da pista a meio de uma crise existencial e sairmos dali rapidamente, sempre actuando como se fossemos uma família normal, antes que alguém chamasse a protecção de menores.

Apanho os cacos todos os dias e tento colmatar danos, reverter coisas que foram por outro lado não tão esperado. Na verdade, a estrutura abanou e as coisas caíram da prateleira. As pessoas que me amam foram apanhando e voltaram a meter no lugar. Durante dois anos viram o pior de mim quase todos os dias e esperaram. Esperaram pacientemente por mim. É assim o amor.




11 de novembro de 2015

caco




























Este miúdo é o responsável por arrumar a roupa que dobro directamente apanhada da corda. Quer isto dizer que a roupa está toda misturada e ele tem que a dividir por categorias, arrumar as comuns nos sítios e as das outras pessoas deixar em cima da cama de cada um. De cada vez que esta tarefa acontece desaparecem umas jeans minhas. Um dia vou descobrir onde é que eles as tem guardado.
Este miúdo pergunta-me quase todas as manhãs se é naquele dia que eu vou cumprir a promessa de fingirmos que estamos doentes para faltarmos todos à escola.
Este miúdo gamou-me o coração assim que nasceu e eu tenho estado à espera que mo devolva para o poder tratar como se trata um puto pelintra que perde calças e quer faltar à escola todos os dias.




1 de outubro de 2015

i have tried in my way to be free

No dia mundial da música, a minha música.

Like a bird on the wire,
like a drunk in a midnight choir
I have tried in my way to be free.
Like a worm on a hook,
like a knight from some old fashioned book
I have saved all my ribbons for thee.
If I, if I have been unkind,
I hope that you can just let it go by.
If I, if I have been untrue
I hope you know it was never to you.
Like a baby, stillborn,
like a beast with his horn
I have torn everyone who reached out for me.
But I swear by this song
and by all that I have done wrong
I will make it all up to thee.
I saw a beggar leaning on his wooden crutch,
he said to me, "You must not ask for so much."
And a pretty woman leaning in her darkened door,
she cried to me, "Hey, why not ask for more?"

Oh like a bird on the wire,
like a drunk in a midnight choir
I have tried in my way to be free.



29 de setembro de 2015

dia vinte e nove

Faz hoje um ano que fui a Badajoz defender a tesina. Para os espanhóis é a primeira pit spot do doutoramento. Vamos lá apresentar a parte teórica do nosso estudo e o que propomos implementar na parte prática. Fui sozinha e foi um dia muito difícil para mim.
Tinha acabado a mudança para a casa onde moro agora já passava da uma da manhã e ainda tive que preparar a apresentação antes de poder descansar. De manhã passei a casa da minha mãe a despedir-me dela e já lá estava o camião que ia fazer o seu regresso à cidade grande depois de três anos a tentar morar aqui (sem sucesso) e eu sabia que quando voltasse de Badajoz ela já não estaria em Portalegre.
Fui o caminho todo a treinar a defesa em voz alta e não correu mal. Vim de lá com um 9 em 10 possíveis. E, mais importante, vim de lá com ordem para fazer a parte prática da tese e acabar isto.

Não foi propositado mas só hoje é que me foi possível ir a Badajoz levar a versão final para a entrega formal. Não fui sozinha. Levei a Mia que quis faltar à escola para ir comigo.
Foi muito rápido e muito.....desapegado. Foi como ir meter os papéis de divórcio de um mau casamento. Fiz o que tinha a fazer e vim-me embora. Levar a versão impressa e encadernada com capa mate laminada 300 gramas. Parece um livro sério.
A minha amiga Cristina pediu-me para tirar muitas fotos.
Assim fiz. Já referi que fui com a Mia?































Também tirámos uma com a tese para a Cristina não se aborrecer comigo.







24 de setembro de 2015

azul :: blue

O timing da vida.
O tudo das últimas semanas veio terminar neste nada absoluto que é o azul do Chipre.
É certo que vim trabalhar, mas a meio gás. No Mediterrâneo os dias têm tempo para tudo e fluem como a brisa que se sente. Quente e vagarosa.
Entre as pessoas únicas que aqui tenho conhecido, as conversas sobre o mundo e nós no mundo, as saudades de casa e dos miúdos, os lugares que me arrebatam e o tão necessitado e desejado descanso, acontece este azul.

::

The timing of life.
The everything of last week came to end in this nothingness that is the blue of Cyprus.
It is true that I came to work, but not as much as in a normal week.
In the Mediterranean the days have time for everything and flow like the breeze that we feel. Hot and slow.
Among the amazing people I have known here, the conversations about the world and we in the world, homesickness, places snatching me and the rest so needed and desired, happens this blue.




22 de setembro de 2015

primeiro dia do primeiro ano

Foi com a normalidade de quem faz isto há muitos anos que a Madalena foi para a escola. Controlou as operações todas com a serenidade e pulso firme de quem sabe bem o que quer. Chegámos atrasados porque se chegássemos a horas as pessoas iam reparar. No mesmo dia o Tiago também teve um primeiro dia à mesma hora noutra escola. Esta gente não conhece o conceito de irmãos e marca tudo sempre à mesma hora. Foi a Mia em minha representação porque como não mudou de ciclo não teve direito a primeiro dia formal. Foram a sentir-se todos importantes e voltaram a tempo de participar no dia que era da Madalena.
Primeiro dia do primeiro ano dela. Último primeiro dia para mim. Foi feliz e a vida é mesmo assim. Feita de ciclos.
Por enquanto ainda dorme com os pezinhos papudos encostados a mim. Ainda recebo desenhos recados e abraçinhos mimosos das minhas três crias. É seguir em frente a sentir a brisa das pequenas coisas. A viver todos os dias o primeiro dia.






16 de setembro de 2015

Recebi hoje o mail porque tanto esperei. Veio do meu tutor do PhD e dizia:

IMPRIME Y ENCUADERNA




8 de setembro de 2015

amor de avó (pela saúde da mãe)

Aconteceu hoje pela hora de almoço o resgate das crianças.
Um movimento organizado pela avó no sentido da recuperação mental da mãezinha.































Amanhã já posso ir trabalhaaaaaaaaar!!  :)



4 de setembro de 2015

get shit done

Fui com o Tiago porque já não sei ir a lado nenhum sem suporte emocional. E os dias bons são para ser vividos com os que amamos e nos amam. Fomos em silêncio o caminho todo.
Levar a puta da tese para a entregar.

Muitas vezes duvidei que ia viver este dia e muitos mais tive receio do estado em que lá chegaria.
Eu sei que cada um sabe de si e da sua vida e as nossas coisas parecem-nos sempre maiores e mais importantes porque são nossas. Conseguir chegar ao dia da entrega foi uma luta muito grande e sofrida para mim. Não sou metódica a trabalhar e contrariada faço tudo arrancado a ferros. Mas felizmente sou determinada e decidi que ia fazer isto pelos meus filhos. Quis ser um modelo. Quis dizer-lhes que nós podemos tudo o que quisermos e que as coisas às vezes são muito difíceis mas sempre possíveis. Ainda hoje muitas vezes em dias menos bons penso na minha mãe e na maneira como ela levava a vida à frente e isso é-me inspirador. Quero também passar uma mensagem assim.
Eles foram a minha maior dificuldade na gestão quotidiana e a minha maior força para continuar. Nesta parte final, já não sabia estar com eles nem sem eles e foi tudo uma grande loucura. Dias cheios de coisas habituais dificilmente concretizáveis. E nem falo da atenção que lhes devo. Falo mesmo de coisas triviais da gestão doméstica e logística alimentar! Foi duro. E mau. Mas agora sabem todos como não passar fome e desenrascar algo.
Saímos mais fortes e a nossa bolha está mais impenetrável que nunca. Sinto orgulho desta malta.
Também foi um período de muitas estações e apeadeiros na linha da amizade e todo um rastreio foi feito. Ontem dei por mim a pensar como é impressionante que as pessoas resistam e fiquem. Resistam à ausência, à irritabilidade, ao mau-humor, à falta de filtro. Resistam à quantidade de nãos que ouviram de mim estes anos. Os de sempre aproximaram-se e fortificámos o que existia e outros chegaram para ficar. Muitos desceram em estações e outros saltaram em andamento na passagem por um apeadeiro.
Não sei bem o que restou de mim. Neste momento só me sinto vazia e sem capacidade de pensar ou sentir seja o que for. Espero que o desapego passe. Espero que a malta saiba que debaixo destes escombros todos eu estou lá e não falho. Só me demoro um bocado de vez em quando.

Note-se que hoje apenas aconteceu a entrega provisória. A tese vai ficar estacionada no departamento para os Doutores de lá a lerem e comentarem. Depois a entrega final em formato livrinho todo maricas e até ao final do ano a defesa.
Não é o meu melhor. É o meu melhor nas condições que tenho. E nesse contexto é mesmo o meu mais inacreditável, sofrido e longo melhor.
Mas está tudo bem. Porque acabou.








29 de agosto de 2015

deusmalivre

A Madalena tem piolhos numa média semanal. Basta sair à rua e alguém num raio de 150 km ter piolhos que ela traz todos para casa. Deve estar referenciada no Top 10 dos sites de turismo dos piolhos como um spot imperdível.
Penso que é essa a razão de nós nunca termos apanhado piolhos cá em casa.
Nunca e ninguém. Excepto eu.
Claro.

Facto 1
Nunca tinha tido piolhos na idade adulta e não me lembro de como era tê-los em criança ou sequer se cheguei a ter alguma vez. Mas fiquem sabendo que acordei de madrugada com comichão e a sensação de haver ratos a comer-me o cérebro. Desde então que sinto piolhos na minha cabeça todos os minutos de todos os dias.

Facto 2
Esta doença auto-imune palerma que tenho faz-me ter feridas no couro cabeludo em períodos de stress. Não há grande coisa a fazer. Lavo o cabelo com um champô especial mas tenho que não coçar as feridas para elas sararem.

Facto 3
Tenho que ter a tese terminada na segunda-feira.


Agora é só juntarem os 3 factos e imaginarem o estado em que está a minha cabeça.  --'



25 de agosto de 2015

less is more*

Este foi o verão com a pior planificação de que há memória e onde o pouco que ainda foi planificado não aconteceu. O PhD por questões familiares foi interrompido inesperadamente antes de ser concluído. A road trip planeada às três pancadas não foi cumprida por quase total falência mental da mãe desta casa. A semana sem fazer absolutamente nada imaginada como um silêncio total dentro das portas de casa foi uma realidade barulhenta dos filhos que eram para estar noutro sítio. Cada vez que se iniciava uma embirração eu começava a frase "eu era" e eles completavam em coro "para estar de férias!".
Pois. Só que não.
Acho mesmo que desde que moro em Portalegre nunca tinha passado um Agosto inteiro cá.
E bom que foi? Surpreendentemente suave, calmo, preguiçoso, quieto. Bom.
Não estaria tão bem em nenhum outro lugar e conseguir perceber isso é fantástico.
Parei. Fui forçada a isso. Pelos outros e também por mim própria. Não consegui mais, fazer mais, pensar mais. Ir onde quer que seja. Só a palavra "ir" me soa a tormento. Ir ali ao fundo da rua. Ir às compras. Ir à piscina. Tudo movimentos que precisam de estímulo externo e são iniciados com dificuldade e depois precisam de pelo menos um dia de recuperação.
Parei. Pensei que estava tudo perdido. E depois a malta apareceu.
Vieram amigos estar comigo que nunca tinham cá vindo desde que aqui estou. Fui ao Andanças com a Rita! Amigos em passagem que apareceram para um café ou ficar uma noite entre lambrusco e palavras. Pessoas que são as minhas há tantos anos e que vieram. Os amigos de cá chamaram-me a momentos muito bons.
Porque eu cá estava. Porque eu parei.
Hoje fui à piscina municipal com os meus sobrinhos. Estes sobrinhos são da parte da Madalena. O Afonso quase da idade do Tiago e o Francisco da idade da Madalena.
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Pequena paragem para dar à piscina municipal o carinho que merece:
Morar na província é aprender a não querer fazer coisas e saber que as coisas se vão fazendo. Morar no Alentejo é saber que a vida sempre acontece mas no ritmo que o Alentejo decidir dar às coisas. O Alentejo é um lugar que se faz difícil de conhecer. Que exige a aprendizagem da espera. Um dia quando deixamos ir a ansiedade de querer fazer agora percebemos que tudo se vai fazendo e que desta forma as coisas se colam a nós. São nossas e nós das coisas.
A piscina municipal é feia. E é má. O chão queima os pés. A prancha dos 10 metros está fechada porque há-de ruir um dia destes. A prancha dos 5 metros é de betão. Só para dar alguns exemplos.
A piscina municipal é um sítio nosso e eu acredito que preciso lá ir muitas vezes com os miúdos para passar a ser deles. Tomar o seu tempo queimar os pés e ouvir alguém a dizer que chegou o Zé das bombas.


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Continuando.
Quando voltámos vinha que não podia com dores nas costas. Morta de todo. Deitei-me um bocado na cama a ver se me passava a entorse. Estava dada. Os putos largados na sala a destruí-la. Quero lá saber. Era aí que estava quando recebi a tua mensagem Patrícia. E passou-me logo tudo. A minha amiga desde que me lembro. Que a vida já levou e já trouxe e já voltou a levar estava cá. Aqui onde eu moro. Eu fui esplanar com a Patrícia os filhos o marido e os pais dela ao Tarro. Caramba pá.
Subi a rua entrei em casa e sentei-me na varanda a olhar. A pensar que ainda bem que não saí daqui o Verão todo. A vida trouxe-me tudo o que eu precisava ter agora. O conforto das pessoas que cuidam de nós simplesmente porque existem porque nos chamam e nos têm no seu coração.
O tempo parece-nos sempre tão finito, breve, implacável. Mas às vezes lembra-nos que também pode ser infinito, profundo, frágil quando temos o coração nas mãos dos que nos amam. E pára. O tempo pára. No dia em que a Patrícia se esbardalhou para cima do carro da minha mãe na minha garagem porque andávamos a tentar chegar às caixas lá de cima (este episódio levou a uma sucessão altamente ridícula de acontecimentos que vão continuar a ser privados). Hoje quando a mãe dela se lembrou desta história e nos partimos a rir ali na esplanada do Tarro a 100 passos da minha casa passou-me a infância toda pelo corpo e senti-a na pele. O tempo parou.


Um resumo do que foram as nossas férias, entre o Andanças, Badajoz, Castelo Branco, Campo Maior, esticões a levar malta ao sudoeste e muitas outras coisas que não ficaram em fotos porque não houve vontade de guardar de outra maneira além do momento.
Amanhã o meu tutor vem almoçar comigo e estão lançados os 2000 metros obstáculos. Entenda-se despachar filhos para algures e acabar aquela merda. Fim de Verão.


*A Mia está num intercâmbio internacional e por isso não esteve connosco hoje. O tema é "less is more". Disseram que durante 12 dias iam ensinar-lhes o que é isso de menos ser mais. É isto filha.

27 de julho de 2015

ser o tiago dá trabalho

Ó mãe depois de tirares o doutoramento podes ser guru?



perder é bom

A Mia tem um jogo que consiste no seguinte: isto é o jogo e quem se lembrar perde. Quando se perde avisa-se os outros que fazem parte do jogo que se perdeu. Estava tão entusiasmada com o jogo no dia que o aprendeu e eu não o percebi nem percebi a piada daquilo.
Hoje fomos passar o final do dia à praia com a Rita e os filhos dela. A Rita é minha amiga desde a escola primária. Um género de irmã mais nova que a vida empurrou para uma manutenção muito espaçada por mensagens e telefonemas ocasionais. As nossas agendas não se curtem. Mas hoje fomos todos à praia. Duas amigas e cinco filhos que não conhecíamos e não se conheciam.
Ficámos até depois do sol desaparecer. Ficámos até depois de convencermos os miúdos a sair da água. Ficámos como se ali fôssemos todas as semanas e aquilo fosse tudo habitual. O bom dos amigos da vida é que a vida não passa por nós.
A certa altura já depois de estarmos lá há umas horas gritei para a Mia "perdi o jogo!"  - Qual jogo? Perguntou ela distraída.
Lembrei-me da tese. Três horas sem pensar absolutamente nada da tese. Três horas sem sentir a culpa de estar na praia deitada numa toalha a olhar para o mar. Três horas com a Rita e os miúdos. A comer os quadradinhos de melão que a minha mãe guardou numa caixa como se a vida fosse aquilo.
Percebi o jogo. A ideia é esquecermo-nos dele e simplesmente vivermos. No jogo da Mia quando se perde transforma-se num carinho entre amigos porque assim que um perde e avisa os outros perdem todos e ficam ali a trocar mensagens e a rir.
No meu jogo da vida só jogo eu e hoje gostei mesmo de o perder.



Nota de rodapé sobre questões de funcionamento.
Desactivei a minha conta de Facebook por onde a maior parte das pessoas que gostam de ler este blogue ficavam a saber das publicações. Tenho recebido mensagens a esse respeito e lamento mesmo muito que de alguma maneira tenha falhado. Ao mesmo tempo fico feliz por descobrir que gostam de nos conhecer. Essa decisão para já não vai sofrer alterações pelo que deixo a sugestão de subscreverem o blogue (podem fazê-lo na barra de rodapé) e assim recebem um aviso no mail cada vez que houver novidades! :)


26 de julho de 2015

baptismus

Aqui há umas semanas o Tiago baptizou-se. Calhou numa altura de cansaço particular e por isso de muito descontrolo e distracção da minha parte. Nem sabia o que era preciso ou se era preciso alguma coisa. Só de véspera percebi que tinha que ser eu a comprar a vela. Liguei a uma amiga conhecedora do assunto e descobri que as velas de baptizar pessoas são para lá de caras. Também mete comprar uma toalhinha que nem queria acreditar quanto custava pelo que me recusei a comprar uma coisa excessivamente cara e com muito excessivamente folhos a mais.
Fui para casa pensar no assunto da toalha já que a coisa era no dia a seguir e lembrei-me de lhe levar o ó-ó dele de quando nasceu. Basicamente é o nome que eu dou às fraldas de pano que os bebés usam ou pelo menos os meus filhos usaram para tudo e mais alguma coisa. Foram todas feitas pela minha mãe e são por isso especiais. Ainda pensei não levar nada porque limpava com a mão e estava a andar mas em boa hora levei o ó-ó. Já vi baldes com menos água...

Não ia nos meus melhores dias. Fui apanhada no meu cansaço e ultrapassada no que esperava que fosse o dia. Tive que comer e calar e aprender uma dura lição. Não posso estar cansada. Não posso perder o controlo. 
Lá fui. 

Quando chegámos a Castelo de Vide com o Kiko a tiracolo  já lá estavam os escuteirinhos todos incluindo o meu! Cansado e meio badalhoco mas com a camisa para dentro e o sorriso de nervoso miudinho. 
Foi tão bonito. Foi especial. Ele quase que chorou e eu também quase que chorei. A igreja cheia de escuteiros criou uma energia muito.....una. E isso sentiu-se. O Tiago entrou para uma nova família e este foi o momento que marcou essa escolha. Nunca pensei que ia viver o baptismo do meu filho desta forma tão intensa e bonita que me deixou a pensar outra vez sobre a fé e o poder que a fé pode ter em unir as pessoas e as tornar parte de algo maior. Fazer parte de algo maior deve ser tão reconfortante!..

O Tiago tomou esta opção por causa dos escuteiros e com os escuteiros. Foi a única coisa que pedi para o seu baptismo. Que o dia fosse dos escuteiros. Foi naquele momento na igreja. E sinto-me grata por isso.







17 de julho de 2015

lentamente o tempo

São quatro da manhã não sei de que dia.
Estou a tentar adormecer ao mesmo tempo que penso nos resultados da regressão que fiz aos dados e na minha vida.
O outro dia alguém me disse que é quando batemos no fundo de nós que encontramos o petróleo. Efectivamente esta é a prova mais dura por que passei até à data, consciente (?) e a viver cada momento. Esta fragilidade em que o cansaço me coloca tornou-me mais lúcida a respeito de mim da minha vida e das opções que fui tomando. Mais lúcida e intolerante aos outros e às suas complacências. Mais seca e dura com as mágoas que recebo. E talvez por isso mais selectiva nas escolhas de a quem dar o meu tempo. Mais atenta_e sôfrega_do verdadeiro e honesto afecto que algumas pessoas me dedicam.
Espero que quando o cansaço finalmente se for embora eu volte a tolerar os outros em geral. Que este cepticismo no olhar e no pensar se vá embora. Que sirva este momento de batida no fundo de mim e de todas as minhas resistências para me tornar numa pessoa capaz de se perdoar por tudo o que já errou e seguir em frente. Que seja este fim o princípio de alguma coisa melhor. O princípio de mim. Exposta a mim própria_finalmente_como sou.




5 de julho de 2015

london calling

Há uma semana estávamos os quatro em Londres.
Muito cansados porque o dia tinha sido gigante e ainda faltava o dia de voltar para Lisboa.
Decidi ir com os miúdos a Londres num dia que aparentemente na minha cabeça fez sentido meter-me neste tipo de aventura estando de rastos. Acho que foi a constatação de não conseguir ir no Verão fazer a muito desejada (por mim) viagem à Grã-Bretanha rural. Reduzi até onde me foi possível e sobrou Londres comprada e vivida em low cost. A escolha do final de Junho foi fácil. Final de aulas deles e era um período de meia paragem na minha vida escolar e no PhD. Lá fomos.
Na véspera perdi o guia que um amigo me emprestou e que não li. Valeu-me já ter lá estado e ter umas ideias do que queria fazer. Escrevi umas notas no meu caderninho e comprei uns bilhetes online. No dia de irmos para casa da minha mãe meti tudo ao molho dentro da mala e esperei não me esquecer de nada. No dia da viagem antes de sairmos para o aeroporto tirei uma foto às páginas das notas só naquela...
Vale-me nestas coisas a grande lucidez de saber que para onde vou não se passa nada de grave e que por isso tudo tem solução.Vale-me também os putos que tenho. Eles sabem que entre todo o histerismo do vamos a Londres, que vamos só nós e que eu só tenho duas mãos. E normalmente essas duas mãos andam a carregar a Madalena às cavalitas. Embirraram muito mais do que eu estava à espera. Muito mais. Acho que foram fazer a descompressão do fim de ano lectivo para Londres. Tive que meter os pontos nos is umas quantas vezes. Loud and clear.

Enquanto lá estive recebi algumas mensagens de pessoas a pedirem para fazer um guia da viagem, de como vou assim à maluca com os miúdos como se faz, onde fui e de que forma me organizei. Epá, não. Desculpem. Mas não sei fazer guias. E se eu contasse como, onde e o que faço provavelmente iria chocar umas quantas pessoas que levam a maternidade demasiado a sério. Ficam só duas ideias de reforço ao meu não: a Madalena dorme em tudo o que é chão e eu não me ralo nada com isso. Os supermercados dos paquistaneses vendem bolachas e sumos fixes.

A saber que em Londres estava demasiado calor, demasiadas pessoas no geral e demasiados portugueses em particular. O mais importante a saber é que estarmos a uma estação de metro do que seja, NUNCA significa que podemos ir a pé. As estações ficam a quilómetros umas das outras. E os transportes são o mais caro da cidade. Ou pelo menos o que não dá mesmo para contornar.
Depois de tratarmos do assunto da casa onde íamos ficar voltámos para o centro e decidi sair na estação do Big Ben sem dizer nada aos miúdos. Consegui acertar com a saída exacta daquilo. A Madalena ia a dormir às cavalitas e por isso perdeu o momento quem que os manos se sentiram em Londres e nem queriam acreditar. Valeu logo ali termos ido.

A partir dai com muito cansaço à mistura e sem nunca arranjarmos um mapa decente porque os decentes pagavam-se e os gratuitos tinham filas enormes, até nos safamos bastante bem. Eu tinha ideia antes de ir que passaríamos as tardes em preguiça pelos parques de Londres. Mas não. Esquece. Aquilo é grande demais e os miúdos estavam determinados a não deixar escapar nada.

Eu queria ir a três sítios: ao Sky Garden, ao Holland Park ver o Kyoto Garden e, claro, a Notting Hill. Eles queriam ir ao resto. Rigorosamente o resto TO-DO. Todos os centímetros do resto. Mesmo que morrêssemos a seguir. Foi uma viagem intensa, um cartão de visita de Londres, bastante distinto dos passeios rurais e vagarosos que já fizemos. Londres é gigante e acontecem nela milhares de coisas ao mesmo tempo. É uma cidade que engana. Não é tão bonita quanto Paris e parece que é só ir picar o ponto a dois ou três spots, mas quando nos apercebemos estamos envolvidos na sua teia de opções de coisas a acontecer e ou somos selectivos ou rápidos. Os miúdos escolheram ser rápidos. Eu tentei acompanhar e morri todos os dias que me deitei na cama e assim que entrei no avião para Lisboa. Eles só perceberam o cansaço quando chegámos a Portalegre. Dormiram sem fim e não queriam sair de casa.

Ir a Londres sozinha com crianças não é para meninos. Fica o aviso.
Sobra a pergunta porque vou e porque os levo. A isso posso responder. Porque é com quem mais gosto de viajar e porque as memórias os afectos e os laços que ficam destas aventuras são indestrutíveis. E essa é a verdadeira imortalidade.







20 de junho de 2015

até sempre escolinha dos pequenos

Chegámos atrasados à missa. Para trás ficou a casa toda desarrumada nas pressas de ir embora. Na igreja ainda levámos o nosso tempo a acomodar-nos e a silenciar-nos. Cada um dos que eram nossos iam chegando mais atrasados que os outros e recomeçava o desassossego do beijinho e do senta-te aqui. Depois tudo tranquilizou... chorei. Já sabia que ia ser assim. Quando nasceu só tinha uma penugem na cabeça e aquele ar de boneca que se torcia na nossa direcção como que a querer falar tocar-nos engolir-nos de nos querer. Os caracóis só vieram depois. Aos montes. Mas hoje quis levar o cabelo esticado. A Mia deu o seu melhor a tentar fazer desaparecer os caracóis. A alegria e o entusiasmo por tudo cresceram com ela. É a minha filha mais assumidamente feliz e entregue à vida. Hoje despediu-se do Infantário e eu também. A Madalena fecha a porta de 14 anos em São Bartolomeu. Como é que eu não havia de chorar?


12 de junho de 2015

miró nos olhos da madalena

Esperei por pendurar este quadro na parede bem mais que 3 meses. Hoje cansei-me de esperar e roubei-o à descarada da parede da sala da Madalena onde estava afixado a pioneses.
Um Miró feito com pincéis do infantário depois de um dia em que a educadora lhes falou que é possível pintar sonhos e que havia um adulto que pintava com o espanto de uma criança. Desde que o vi que decidi que ia ficar ao lado do Picasso de verdade trazido do MoMA a meu pedido pelo meu irmão.
Foi aliás o Picasso que disse que a arte lava da alma a poeira da vida quotidiana. Eu acho que é verdade.






8 de junho de 2015

cila

Nunca fui muito fã da expressão melhor amiga e sempre tive dificuldade em atribuí-la a alguém com exclusividade. Parece-me que as amigas, e amigos, que tenho são tão diferentes que se complementam. Depois os tempos vão mudando, a geografia da minha vida levou-me a ter pessoas espalhadas em todo o lado e o quotidiano fixo numa cidade onde realmente não posso dizer que tenho esse alguém especial. Não me parece que tenha uma que sirva para tudo, embora tenha muitas que servem para muito.
Pensando no assunto, uma melhor amiga é alguém que está sempre. Mesmo quando está zangada connosco. Mesmo que à distância. Uma melhor amiga ouve e cuida. Tenta resolver, mas também sabe que às vezes não há nada que possa fazer além de estar ali. Uma melhor amiga, permanece. No tempo, na vida, nas decisões. E nas indecisões também! Uma melhor amiga reclama, mas aceita. Zanga-se, mas perdoa. Magoa-se, mas esquece. Celebra nas vitórias, apazigua nas derrotas.
Há aquela ideia adolescente que as melhores amigas são um género de gémeas siamesas que se separadas asfixiam e morrem. Contam tudo, partilham tudo e são inseparáveis. Não me parece. As melhores amigas podem ser muito diferentes na maneira de ser, de viver, de encarar a vida e os outros. E podem até viver com menos palavras entre si porque o entendimento entre quem se conhece não passa assim tanto por palavras. O que as torna melhores amigas é o amor, respeito, companhia, cuidado com que tratam uma da outra. A atenção e o tempo que se dedicam. Como se acompanham. E estão. Havendo um verbo, teria que ser o estar.
A minha mãe não foi a minha melhor amiga enquanto cresci. Nessa altura ela era minha mãe em exclusivo, daquelas mães duras que educam e não facilitam. Ainda bem.
Hoje a minha mãe, depois de tanto e talvez por isso mesmo, é a minha melhor amiga. E, caramba, ainda bem.


6 de junho de 2015

borboletas

A Mia chegou hoje a casa com alguns trabalhos de educação visual e uma maquete para ciências. No outro dia, desenhou o professor numa aula e passa parte do tempo a desenhar num caderninho.
Uma das coisas, das muitas coisas, boas de ser mãe de alguém é poder assistir na primeira fila à transformação da pessoa que antes era um bebé num alguém com sonhos, aspirações e vontades próprias. Que faz o seu caminho com o olhar no horizonte mas os pés bem assentes na terra. Convicta do que quer, é imparável!
E ver esta sensibilidade artística a aparecer juntamente com a capacidade de construção do que idealiza, no caso da Mia, é uma surpresa gigante.
Ainda me lembro da miúda de cara fechada em cima do palco nas festas de infantário em que não abria a boca ou nas apresentações de ballet que se pregava ao chão no meio da sala tipo mono. E agora dança, faz teatro e traz-me maquetes de ciências para casa e asas de anjo em 3D
Há uns meses quando estavamos no sofá a ver uma série qualquer deixou cair a pergunta:
Mãe, achas que faz mal se eu quiser ir para artes?


20 de maio de 2015

killing me softly

Tiago: Posso ligar à avó?
Eu: Sim. Porquê?
Tiago: É para lhe pedir que me compre um compasso.
Eu: Mas eu comprei-te um ainda o outro dia. Já o perdeste?
Tiago: Sim...
Eu: Tu cansas-me
Tiago: ...Mesmo.

Entretanto "apaga" um exercício com uma pulseira de elásticos.
Eu: Não tens borracha?
Tiago: Tenho. Mas está perdida para ali no meu quarto.... like everything else.








18 de maio de 2015

fim do mundo em cuecas

Nos últimos meses a minha casa tem estado permanentemente numa espécie de estado de sítio, em virtude de a (quase residual) dona de casa em mim ter desaparecido para se dedicar aos estudos.
A situação piorou com o despedimento da senhora da limpeza e quem tem segurado as pontas têm sido os miúdos. O Tiago e a Mia, porque a Madalena...esquece lá isso. Ela definitivamente pertence ao lado negro da força.
Esta semana estamos a atingir mínimos históricos, comigo a finalizar o estudo piloto, o Tiago com exames e a Mia cheia de testes e a ficar em casa 3ª, 4ª e 5ª (SO-CO-RRO) porque lhe fecham a escola para os exames. Soma a isto tudo todos eles estarem envolvidos no espectáculo organizado pelo CAEP LAB, que vai a palco no próximo sábado. Sinceramente nem faço ideia a fazerem o quê, vou descobrir no sábado... Mas a Mia e a Madalena estão lá no teatro, dança e ballet e o Tiago está no apoio à produção, cenografia e assim (parece-me). E claro, um acampamento de escuteiros, só para tornar tudo mais fixe (ontem reparei que um dos montes de roupa amontoados no quarto dele era a farda dos escuteiros mas fingi não ver).
Em estado de sítio estão sempre decretadas duas regras básicas: zero embirrações e zero barulhinhos repetitivos, que me levam à loucura em milésimos de segundos. Eles cumprem porque sabem que eu já não sou bem uma pessoa neste momento.
De resto, putos em casa na minha cabeça soa apenas isto: ter que fazer almoços todos os dias.
Nota-se o meu pânico?
A minha mãe disse que vinha de fim-de-semana e eu, a casa, os netos, a roupa, a loiça, a cozinha, os quartos desarrumados queremos tanto que o fim-de-semama possa ser tipo.... Amanhã? Hoje de tarde? Agora? Sim? Por favor...








15 de maio de 2015

uma família com muitos anos

Hoje como foi dia da família o infantário da Madalena organizou uma caminhada seguida de lanche. No meio do caminho reparei que iam juntas a Paula e a Nílde e aproveitei para tirar uma foto com elas.
Os meus filhos andaram sempre no Infantário de São Bartolomeu. Desde há 14 anos que entro lá quase todos os dias da minha vida. E hoje na caminhada claro que voltei a pensar que está a acabar esta parte da vida. Estou a despedir-me destas pessoas a despedir-me desta família, porque foi sempre assim que os vi e os senti.
Um sítio especial, uma casa cheia de nomes e de afectos. De muitos momentos, muitas histórias sempre vividas em cumplicidade, com carinho.
A Nílde foi educadora da Mia e nesses anos a história dela foi longa, foi complicada e teve muitas substitutas pelo caminho. Mas voltava sempre com aquela alegria que só ela tem, a garra da vida, a alegria e os disparates todos que faz para se divertir e nos divertir. A Nílde conhecia muito bem a Mia e sabia lidar com ela, sem stress sem drama. Uma educadora apaixonante, uma mulher admirável.
Depois veio a Paula, educar o Tiago. Tranquilidade. Uma educadora serena, um pessoa que parece fechada, com o seu ritmo. Entra de mansinho em nós, de mansinho nos miúdos e ensina-lhes tanto. E fica em nós.  É a Paula! Conhece-os tão profundamente. E perdoou muita patifaria ao Tiago.
Por fim, a Madalena e novamente a Paula. Elas criaram um laço entre elas bom, forte. A Paula é o porto seguro dos miúdos e meu também.
É ir lá deixá-la de manhã sabendo que vai ser feliz, que vai crescer aprender brincar. Ser criança.
E a minha vida está ligada a estas duas mulheres para sempre porque nada do que eu possa fazer ou dizer será alguma vez suficiente e justo para o que sinto. Por isso é-me difícil este adeus. Estes momentos de despedida. Em Setembro deixo de ir ao infantário. De as ver e de saber que está tudo bem.
São Bartolomeu e todas as pessoas que lá estão são únicas, são especiais e incomparáveis. São família. A minha.


13 de maio de 2015

thesis

Há pessoas que gostam de ignorar o que as faz sofrer. Eu não. Sou fã da expiação.
Mantenho desde Maio de 2013 um álbum onde vou despejando as angústias e também conquistas da escrita da tese. Hoje publiquei mais uma imagem lá e acabei a rever o álbum todo. É giro ver os meus desesperos em coisas já ultrapassadas.
Hoje enfrento mais um desespero noite adentro: a porra da análise dos dados.
Acho que até uma velinha vou acender neste caso.

Podem passar em revista a minha vida, porque basicamente isto tem sido a minha vida desde 2013, aqui.

ser mãe da madalena..

...é acordar às 7h da matina para executar trabalhos de manicura ao som das músicas do Frozen.


11 de maio de 2015

manifesto geral

*Esta publicação contém linguagem inapropriada para pessoas sensíveis e menores de idade. Resguardem-se.


Faço 40 anos dentro de dois anos. Talvez porque sou precoce, talvez porque o ano passado a vida me deu a oportunidade de bater no fundo nas mais diversas áreas e cruzar-me com muitas não-pessoas, estou farta. Normalmente a malta farta-se e recomeça aos quarenta. Mas eu pretendo estar já a navegar tranquila nessa altura. Decidi na passagem de ano que este 2015 ia servir para arrumar tralhas e encerrar assuntos, encerrar maneiras erradas de ser e encarar o ser. 
E deve ser esse processo de mudança em mim, que ao contrário da tolerância que eu esperava que me trouxesse, me está a transformar numa pessoa sem capacidade de aturar merdas. Deve chamar-se a isto egoísmo. É possível. 

O meu alerta é um "foda-se" que me sai (mesmo que só saia para onde eu o oiço) quando me vejo perante algumas coisas e pessoas (chamemos assim): 
Pessoas desinteressantes e desinteressadas, profissionais do laxismo e do está bom assim, ausentes de autenticidade e totalmente incapazes de compreender o que é isso de ser verdadeiro, gente sem garra que nunca podem nunca dá jeito ou calha bem. Homens que sejam homens em vez de uns fracos com conversa de merda que me cansa o cérebro, mulheres que se calam e aceitam um mundo cada vez mais hipócrita que amolga quem quer ser, malta que apenas e sempre faz exclusivamente parte do problema e nunca de solução. Enfadados, mestres do queixume constante e cheios dos azares da vida. Pessoas que acham que me podem pedir tudo e mais alguma coisa à cara podre porque eu faço e até faço bem e rápido e assim não se aborrecem a pensar. Sujeitos que nunca dão mas esperam sempre receber. Que pensam e decidem tendo apenas o seu umbigo como centro decisor. Os chicos-espertos cheios de falsa simpatia que procuram a minha complacência e preferem um sim merdoso e vazio a um não honesto. E já agora, homens que acham que porque estou sozinha ando à caça em permanência e tenho é falta de homem. Não, estúpidos. Eu tenho é falta de paciência. Olhem-se ao espelho, ya? Vocês não jogam no meu campeonato e a minha vida particular não está em nenhuma das minhas redes sociais.

No meu universo particular só entram pessoas que fazem acontecer, que querem mais e estão dispostas ao esforço que isso exige, malta do trabalho, gente que teima em apenas validar a excelência como forma de ser e estar, gente que não espera que se resolva e resolve, pessoas que se afirmam expõem e vão à luta. Pessoas de quem me orgulhe pelo que são e não pelo que têm, pessoas que riem, que bebem uns copos e dizem palermices. Pessoas frágeis, que amam e dizem amo-te das muitas maneiras que se pode dizer amo-te a alguém, pessoas de afectos colo mimo e abraços. De recados e mensagens, de brincadeiras e tardes de esplanada sofá ou jardim. Gente do silêncio confortável e da companhia só porque existem. Malta que ri chora sonha. Que tenta sempre. Que dá o seu melhor. Que quer mais. Que vai. Que faz. Que diz. Que vive. Que é livre.

Pensem nisso na próxima vez que quiserem mandar um mail imbecil, um trabalho mal feito que nem sequer valeu o esforço de uma tarde, uma mensagem a pedir uma merda qualquer porque assim não se ralam, uma palavra vazia ou um sorriso esperto de quem espera conseguir alguma coisa fácil em troca. Pensem no que é que já fizeram por mim. Pelo respeito que merecem. Pela amizade que pedem. Nada? Então não se cansem. Não me cansem.

O meu manifesto é esse mesmo. 
Sou tudo para os meus e nada para os que sobram. 




7 de maio de 2015

estarolas

Há muitas vantagens em ter amigos do Tiago cá em casa. A principal é que de repente eu percebo que os putos de 11 anos são todos uns putos xarilas que não batem bem da mona e que possivelmente as minhas preocupações são excessivas e a vida de rapaz é mesmo assim.
O outro dia esteve cá o Miguel, um miúdo do mais fixe que há. Quanto mais cá vem, mais eu gosto dele.
Observá-los a trabalhar é delicioso. O sentido de responsabilidade e de preocupação do que fazer está  sempre misturado com nunca perder uma oportunidade para derivar para a palhaçada, piada fácil e imitação de todas as pessoas que fazem parte do seu universo.
A coisa era para durar uma hora, mas acabou a durar três. Eu ajudei a destabilizar um bocadinho vá.
Mas também não está escrito em lado nenhum que temos que ser sempre sérios, verdade?


2 de maio de 2015

minha nena

Desculpa filha tirar a minha mão da tua, mas é só um bocadinho. Quero guardar agora mesmo o que sinto.
Deitar-me à sesta contigo é uma das coisas mais preciosas da minha vida. Olho para ti agora e gostava de te tirar una fotografia com os meus olhos, para os outros conseguirem perceber como te vejo. Uma fotografia com o som que fazes a respirar quando dormes, com o quente da tua mão sempre entrelaçada na minha e os teus pezinhos papudos encostados a mim. Uma fotografia onde se visse bem os teus caracóis espalhados pela tua cara, pela almofada, no ar como nuvens. As minhas nuvens, as tuas mãos são minhas e o som do teu coração é meu. Aqui na cama, na sesta.
Madalena, o tempo foge tanto! Ainda metes o dedo na boca. Custou-te a deixar a chucha e agora metes o dedo na boca enquanto dormes. E aqui. Agora. Só consigo tentar encontrar uma maneira de parar este momento no tempo, na vida, no coração. Antes que cresças, antes que deixes de dormir entrelaçada na minha mão.



(...) 
Entretanto, como tirei a mão, acordou. 
- Mãe, os manos sabem que já acordei? 
- Não. Queres fingir que ainda estamos a dormir? 
- Não é preciso. A porta está encostada. Podemos só ficar aqui as duas sozinhas um bocadinho?

(Claro que sim, filha. Claro que sim.) 

teos

Uma tarde inesperada com uma das minhas pessoas especiais.
A Irene começou por ser um alvo a abater, quando a conheci há 20 anos na mesma turma que eu. A sala era demasiado pequena para nós as duas. Entretanto começámos a tolerar-nos e depois a simpatizar. Mas sem grandes intimidades. Sempre a manter a distância de segurança. Um dia fui com ela a Badajoz buscar os bilhetes para a viagem de finalistas e no regresso tivemos um grave e bastante aparatoso acidente de automóvel de onde saímos ilesas. E, talvez porque me tentou matar e não conseguiu, esse dia tornou-nos amigas para sempre. E é a amizade mais contínua, mais construída, mais consistente, mais presente, mais amizade que tenho. Efectivamente, tomamos conta uma da outra.
Temos em conjunto 7 filhos, moramos em cidades diferentes e temos vidas diabólicas. Cruzamos agendas para encontrar dias ou horas em que dê para todos. É uma daquelas coisas de "quem quer arranja maneira".
Estivemos sempre grávidas ao mesmo tempo e tivemos sempre filhos de sexo oposto. Ela ganha-me por um só porque teve gémeos da primeira vez! É a madrinha da Mia, mas só me tornou madrinha do seu último filho. O meu Tomás, que me ama loucamente, como se eu fosse alguma coisa assim muito de jeito! Mas vamos deixá-lo iludido o maior tempo possível!
Passeios com putos é com eles, porque a malta que tem um ou dois filhos vê-nos como uma espécie de infantaria ruidosa e afastam-se disfarçadamente. Mas nós gostamos uns dos outros, do barulho, do caos, das cervejas, de eu não comer quase nada e eles comerem como se o mundo fosse acabar amanhã, de eu cometer sempre gaffes ridículas nas festas deles, da Irene vir a minha casa e trazer tudo como se aqui não existisse nada, do João estar sempre na dele e a Irene sempre stressada.
Não sei quantas pessoas podem dizer que têm o tal amigo a quem podem fazer o telefonema do larga tudo e vem cá. Eu tenho.
Sem amor pode-se viver. Sem amigos não. E os Teos fazem parte da minha família, da minha história e de mim.


(Na foto só estão o Tomás, o Tiago e a Márcia. Faltam o Miguel, o Tiago Teo, a Mia e a Madalena)


28 de abril de 2015

dez anos é muito tempo

E muitas histórias para contar. Esta moça é a Lili. Foi minha aluna estava eu grávida do Tiago, que tem agora 11 anos. Encontrei-a na sexta passada e bebemos umas minis juntas, dissemos parvoíces e concluímos que já passaram demasiados anos sem que déssemos por eles. 
Nessa noite, estavam comigo a Lili, minha antiga aluna agora amiga; o Luís, meu actual aluno que está em estágio; e duas Inês, minhas caloiras.
Não sei se já disse aqui o quanto gosto do que faço....


23 de abril de 2015

livro

Hoje é dia do livro. O ano passado publiquei a foto do livro que andava a ler, era a biografia do D. Pedro V, escrita pela Maria Filomena Mónica. Não acabei de ler. No Verão tentei ler até ao fim, sem sucesso, o Dentro do segredo, do José Luís Peixoto. Já este ano li O Paraíso são os outros, do Valter Hugo Mãe, que demora quinze minutos a ser lido. Também li Rosa, minha irmã Rosa, da Alice Vieira, também segmento de livros de rápida leitura.
Entretanto desisti de pegar num livro. Os livros exigem-me muito. Eu não sei ler livros. Só sei morar em livros.
Mas esta é uma relação de forte dependência e nestas situações em que não consigo ler, porque não tenho espaço mental e emocional para uma relação longa, resta-me a poesia.
E quando me resta a poesia, tenho que dar lugar ao meu poeta: Miguel Torga. E se é para destacar um poema, que seja o meu poema preferido. Tirei a foto hoje de manhã à pressa, porque nem me passa pela cabeça ser dia do livro e eu nao falar de um livro meu.

(Não falo do Fernando Pessoa, porque não é o meu poeta. É o meu conselheiro. Funções diferentes.)

18 de abril de 2015

dias felizes todos seguidinhos

Não tenho contado aqui, mas ando a atravessar uma fase de muitas cenas a acontecer e tratar. E encontrar tempo, cabeça ou quem as trate em condições tem sido uma grande odisseia.
A par disso, o doutoramento a passar pelo estudo piloto, a escola com uma semana de eventos gigantes e as minhas crias aqui em casa a querer o tempo e a atenção que me fogem.
Claro que com tanto estímulo da envolvente, a Ana começa logo a derrapar na curva e a maldita doença auto-imune do nome esquisito voltou em grande e o metabolismo está histérico. Se dormir 4 horas seguidas numa noite com o ansiolítico no bucho já é uma sorte.
E quem não dorme bem, não funciona bem.
Encontros imediatos com os senhores da polícia, furos, mensagens para pessoas erradas, esquecimentos,  mails trocados, conversas sem nexo, distrações lamentáveis...... Escolham!
Agora estou no capítulo em que podem bater que já nem sinto.  O karma pressentiu isso e decidiu que a Clarinha tem um fungo que se chama "Tinha".  Fácil de tratar: um xarope para ela que custou 50 euros, uma pomada para nós todos porque estamos contagiados e.... Tchan Tchan Tchan.... Uma limpeza profunda a todos os tecidos e casa.
Lá liguei à minha empregada a pedir desculpa por a ter despedido e a pedir para voltar e hoje temos (eu disse no plural, mas é mais ela que eu) o estaleiro montado.
Logo de tarde vou dar aulas ao mestrado e tudo indica que vai ser memorável.

Voltei a fumar. Como é óbvio. 


16 de abril de 2015

das coisas simples

No meio desta semana demasiado cheia e irrequieta notei hoje que as rosas amarelas que nunca mais nasciam estão grandes e bonitas.
São as primeiras flores nascidas de mim. Todos os dias ia ver se era naquele dia e afinal aconteceu quando deixei de pensar nisso. É sempre assim.


13 de abril de 2015

idiotas

Aqui há uns anos numa aula defendi a tese de que devemos ser todos idiotas, pois é a capacidade para a idiotice que nos permite maior liberdade de pensar, de querer diferente e de não ter receio de correr riscos. Desde então, os meus alunos decidiram que são idiotas. E por causa disso nasceu o iMarketing, que é mantido por eles e cujo i significa "idiotas". Também por causa deles nasceu o Cocktail dos Idiotas, que é um evento de grande sucesso aqui na escolinha.

Esta tarefa de preparar alguém, num espaço de tempo cada vez mais reduzido e cada vez mais cheio de outras tarefas que não têm muito a ver com o alguém que temos que preparar, às vezes é muito ingrata. Basicamente, quando conheço cada um deles sei que começou a contagem decrescente para ficar sem cada um. Três anos depois acaba-se. Simplesmente.
Pelo menos eu vejo assim a minha profissão. Mais em espírito de missão, talvez até de forma egocêntrica, mas os meus alunos são uma extensão de mim. Se eu falhar com eles, é porque estou a falhar comigo. Claro, muitas vezes falhei. Há malta que simplesmente não quer ir além do que é e eu já aprendi a aceitar esse facto. E às vezes eu não consigo fazer mais ou melhor ou diferente.

Ainda assim, a relação que tenho com eles permite-me quase tudo e penso que eles devem achar que eu não jogo com o baralho todo (o que possivelmente é verdade), mas o que fica no fim deste três anos é o que construímos entre nós, o que fazemos juntos, o que aprendemos uns com os outros. Numa área como é o marketing, ninguém pode achar que sabe tudo ou sequer que sabe muito. Hoje em dia os meus alunos ensinam-me muitas coisas e juntos discutimos como as potenciar. Realmente, tendo que escolher uma palavra para este curso, teria que escolher "juntos". Não sei fazer nada sem eles.
Continuo ligada à grande maioria que já se cruzou comigo desde 2001, o ano em que comecei a dar aulas aqui. Sei onde estão, onde trabalham, se casaram e tiveram filhos. E não há como explicar isto, a importância disto a um miúdo de 18 anos que tem que escolher para onde vai tirar o curso. A escolha certa parece passar sempre por uma escola conhecida, num sítio onde passe uma auto-estrada. Em Portalegre não há auto-estrada. Mas constroem-se caminhos (e pessoas).

Esta semana é o Cocktail dos Idiotas e eu gostava de saber quantas escolas têm alunos que fazem coisas destas. E, sem entrar em pormenores do trabalho invisível que dá fazer isto quando se mora atrás do sol posto, deixo só o cartaz e a baba a escorrer por este cosmos da net a fora.

12 de abril de 2015

sempre em cima do acontecimento

Tinha que chegar o dia em que eu carregava no comando de tirar fotos com o pauzinho. Foi hoje. É que há malta que vai para a esplanada passar a tarde e leva tudo o que é da mais avancada tecnologia consigo. E essa é outra das coisas fixes da província. Vou passear com as miúdas e quando chegamos à esplana há sempre alguém com quem estar.

A dona do comando fui eu, mas o do pauzinho foi o Pedro que estava cheio de medo que lhe deixasse cair o seu querido iPhone. Ele sabe bem o que a casa gasta!





11 de abril de 2015

a parte mais fixe da infância

Uma das coisas que me anda mesmo a apertar o coração é a saída do infantário da Madalena. Ela está mais que pronta e o outro dia já me disse que gosta mais de trabalhar que de estar no pátio a brincar. Eu sei isso. Mas, quando às vezes já estou mais convencida, a educadora põe-se a falar-lhes do Miró e a dar-lhes história de Portugal e não dá para fingir que não sei o que sei. Este tipo de educação, de estímulo, de atenção à individualidade de cada um... Este saber o que aqui ando a fazer e fazê-lo muito bem que a educadora dela tem, vai-se acabar. Tenho muito receio que aconteça à Madalena o mesmo que acontece ao Tiago na escola. Seja mais uma a esbarrar contra um muro.

Entretanto é cada vez mais óbvio que posso pôr a miúda na rua com uma banca a vender desenhos.





9 de abril de 2015

fim do mundo

O mundo começa a acabar quando dou o cartão de débito à minha filha de 14 anos para ela ir fazer cenas de gaja para a esteticista. Cenas que eu não faço.
O mundo abre uma racha quando ela me aparece e está linda. E feliz.


7 de abril de 2015

zero tédio

E muita fé.
Pode não parecer mas a Capuchinho Vermelho é a mesma pessoa que tem a cara toda preta. No meio de uma e outra personagem ainda foi espanhola.
Eles fazem coisas a mais para um dia só. É isso. E vou dormir.