31 de dezembro de 2015

me myself and i


Quando 2015 chegou, entrei a saber que ia bater no fundo e, talvez por isso, fui salpicando o pior com fugas bem vividas. Amigos. Música. Viagens maiores. Passeios mais pequenos. Sestas. Filhos ♡. Vivi bem. Aprendi muito. Aprendi a lição. Dura, mas necessária. Hoje sei que sou capaz de mais do que pensava conseguir. Hoje olho o mundo, os outros e a mim mesma do alto do monte. Sem neblina.
A vida às vezes precisa de baralhar e voltar a dar jogo.
Agora preciso de tempo. Preciso que 2016 seja meu. Seja o meu ano. De fazer o que eu quero e que me acrescenta. Fazer o que me faz feliz. Meu.
E eu tenho tantos planos para ti, 2016. ☆





29 de dezembro de 2015

vadiar

O que nós gostamos mesmo de fazer é vadiar. E quando não conseguimos ir longe, gostamos muito de ir às redondezas como se não fossemos de cá. Hoje foi a vez de Badajoz. Há cada vez menos dúvidas a respeito de como estamos alinhados na maneira, no ritmo e no olhar quando vamos de passeio.


23 de dezembro de 2015

o que importa é o amor

Passaram trinta e nove anos desde que nasci. Passaram muitos mais desde que comecei a viver muitas vidas nesta vida só. Às vezes já não me lembro de coisas que fiz, lugares ou pessoas e as pessoas zangam-se comigo por isso. Mas como explicar que eu já vivi muito mais que trinta e nove anos e que deve ser por isso que não consigo arquivar devidamente tanta coisa?
Hoje muitas pessoas apareceram e muitas disseram-me coisas sobre mim, sobre o seu olhar sobre mim, sobre o seu tempo comigo. Muitas usam muitas vezes a palavra diferente. Obrigada por isso. Essa diferença que já tentei combater, sei hoje, que é tudo o que de melhor sou.
Não sei o que é suposto fazer quando se chega a esta idade. Aliás, nunca soube o que era suposto fazer em idade nenhuma. Também sei cada vez menos de quase tudo. Principalmente das pessoas. Onde eu me incluo, claro. Sei que as pessoas entram e saem da nossa vida. Algumas entram no coração e saem da vida, outras saem do coração mas continuam na vida. Tenho tentado manter na vida as que mantenho no coração. Mesmo que não seja fácil e mesmo que eu ande sempre em fuga para qualquer parte. Mantenho no coração muitas pessoas. Procuro a cada momento ser o melhor que consigo e espero que não se aborreçam quando o melhor que consigo é muito pequenino. Continua, acima de tudo e apesar de tudo, a ser tudo o que sou. 

O que importa é o amor, o resto é consequência.











































Esta blusa com que apareço na foto foi feita para mim por uma amiga, com a letra de uma das minhas canções preferidas. Foi a última prenda que recebi, já quase à meia-noite e resume bem o meu dia, as minhas pessoas. A minha vida.

7 de dezembro de 2015

do amor incondicional

A pouco e pouco a normalidade vai regressando lá a casa.
Embora continue a trabalhar mais do que devia, não ter o PhD sempre dentro de mim tem produzido efeitos muito positivos. Acho que os meus filhos têm a mãe de regresso. A semana passada consegui ter paciência e disponibilidade para fazer o jantar quase todos os dias e só comprei feito um dia! A casa começa a estar sob o meu controlo, muito embora ainda tenha que recorrer à minha empregada algumas vezes. E à minha mãe quando acende a sirene vermelha. Basta um desvio da normalidade e ainda vai tudo pelo cano abaixo. Estou colada a cuspo. Mas colada!
O Tiago voltou a conseguir organizar-se e estudar e começo a perceber o que a minha ausência provocou. Também noto na Madalena o meu impacto. Está novamente segura, determinada e alegre. A alegria que tinha escorregado para as birras constantes voltou. Vejo o que a Mia cresceu e às vezes apetece-me dizer-lhe que já pode voltar a ter 14 anos novamente, que eu tomo conta (de mim e deles) a partir daqui, mas acho que isso já não volta mais atrás.
Aliás, nada volta atrás. Mudámos todos. Estamos os quatro maiores do que éramos antes. E se eu perdi muita energia e disponibilidade eles perderam seguramente mais que eu. Noto quando me perco a pensar_como eles dizem_ na verdade quando me perco porque não consigo continuar concentrada no que estava a fazer ou falar, eles calam-se logo e fazem sinais aos outros para pararem de fazer barulho e ficam à espera que eu volte. Nada apaga o preço deste doutoramento para a minha família. Nada.
Mas sinto-me a recuperar a vida, passo a passo. Muito mais lento do que queria e do que pensei que seria. Já deixei todas as drogas que tomava há dois meses, mas ainda sinto os efeitos secundários que me deixaram. E não vou comentar os cabelos brancos, as olheiras que parecem crónicas e o ar permanente de quem acabou de sair do cú do burro.
Está por vencer a falta de vontade para os outros. Para estar com eles, para os ouvir, para me rir e descontrair e querer sair só para sair, sem mais nada. Sem sentir ansiedade por estar ali. A minha escolha continua a ser estar sozinha todo o tempo possível que conseguir. E quando isso acontece a casa continua a estar em silêncio e na penumbra. Um dia volto. Esse dia ainda não chegou.
Mas para a minha família, este fim-de-semana foi o melhor dos últimos tempos. Consegui fazer tudo sem me irritar com coisas de nada e até consegui estar um bocadinho na varanda a apanhar sol sem adormecer em milésimos de segundos.
Domingo ao final do dia decidimos que merecíamos ir patinar no gelo! A Madalena prometeu que se ia portar bem. Basicamente, prometeu que ia deixar-nos patinar sem que a tivesse que tirar da pista a meio de uma crise existencial e sairmos dali rapidamente, sempre actuando como se fossemos uma família normal, antes que alguém chamasse a protecção de menores.

Apanho os cacos todos os dias e tento colmatar danos, reverter coisas que foram por outro lado não tão esperado. Na verdade, a estrutura abanou e as coisas caíram da prateleira. As pessoas que me amam foram apanhando e voltaram a meter no lugar. Durante dois anos viram o pior de mim quase todos os dias e esperaram. Esperaram pacientemente por mim. É assim o amor.