20 de maio de 2015

killing me softly

Tiago: Posso ligar à avó?
Eu: Sim. Porquê?
Tiago: É para lhe pedir que me compre um compasso.
Eu: Mas eu comprei-te um ainda o outro dia. Já o perdeste?
Tiago: Sim...
Eu: Tu cansas-me
Tiago: ...Mesmo.

Entretanto "apaga" um exercício com uma pulseira de elásticos.
Eu: Não tens borracha?
Tiago: Tenho. Mas está perdida para ali no meu quarto.... like everything else.








18 de maio de 2015

fim do mundo em cuecas

Nos últimos meses a minha casa tem estado permanentemente numa espécie de estado de sítio, em virtude de a (quase residual) dona de casa em mim ter desaparecido para se dedicar aos estudos.
A situação piorou com o despedimento da senhora da limpeza e quem tem segurado as pontas têm sido os miúdos. O Tiago e a Mia, porque a Madalena...esquece lá isso. Ela definitivamente pertence ao lado negro da força.
Esta semana estamos a atingir mínimos históricos, comigo a finalizar o estudo piloto, o Tiago com exames e a Mia cheia de testes e a ficar em casa 3ª, 4ª e 5ª (SO-CO-RRO) porque lhe fecham a escola para os exames. Soma a isto tudo todos eles estarem envolvidos no espectáculo organizado pelo CAEP LAB, que vai a palco no próximo sábado. Sinceramente nem faço ideia a fazerem o quê, vou descobrir no sábado... Mas a Mia e a Madalena estão lá no teatro, dança e ballet e o Tiago está no apoio à produção, cenografia e assim (parece-me). E claro, um acampamento de escuteiros, só para tornar tudo mais fixe (ontem reparei que um dos montes de roupa amontoados no quarto dele era a farda dos escuteiros mas fingi não ver).
Em estado de sítio estão sempre decretadas duas regras básicas: zero embirrações e zero barulhinhos repetitivos, que me levam à loucura em milésimos de segundos. Eles cumprem porque sabem que eu já não sou bem uma pessoa neste momento.
De resto, putos em casa na minha cabeça soa apenas isto: ter que fazer almoços todos os dias.
Nota-se o meu pânico?
A minha mãe disse que vinha de fim-de-semana e eu, a casa, os netos, a roupa, a loiça, a cozinha, os quartos desarrumados queremos tanto que o fim-de-semama possa ser tipo.... Amanhã? Hoje de tarde? Agora? Sim? Por favor...








15 de maio de 2015

uma família com muitos anos

Hoje como foi dia da família o infantário da Madalena organizou uma caminhada seguida de lanche. No meio do caminho reparei que iam juntas a Paula e a Nílde e aproveitei para tirar uma foto com elas.
Os meus filhos andaram sempre no Infantário de São Bartolomeu. Desde há 14 anos que entro lá quase todos os dias da minha vida. E hoje na caminhada claro que voltei a pensar que está a acabar esta parte da vida. Estou a despedir-me destas pessoas a despedir-me desta família, porque foi sempre assim que os vi e os senti.
Um sítio especial, uma casa cheia de nomes e de afectos. De muitos momentos, muitas histórias sempre vividas em cumplicidade, com carinho.
A Nílde foi educadora da Mia e nesses anos a história dela foi longa, foi complicada e teve muitas substitutas pelo caminho. Mas voltava sempre com aquela alegria que só ela tem, a garra da vida, a alegria e os disparates todos que faz para se divertir e nos divertir. A Nílde conhecia muito bem a Mia e sabia lidar com ela, sem stress sem drama. Uma educadora apaixonante, uma mulher admirável.
Depois veio a Paula, educar o Tiago. Tranquilidade. Uma educadora serena, um pessoa que parece fechada, com o seu ritmo. Entra de mansinho em nós, de mansinho nos miúdos e ensina-lhes tanto. E fica em nós.  É a Paula! Conhece-os tão profundamente. E perdoou muita patifaria ao Tiago.
Por fim, a Madalena e novamente a Paula. Elas criaram um laço entre elas bom, forte. A Paula é o porto seguro dos miúdos e meu também.
É ir lá deixá-la de manhã sabendo que vai ser feliz, que vai crescer aprender brincar. Ser criança.
E a minha vida está ligada a estas duas mulheres para sempre porque nada do que eu possa fazer ou dizer será alguma vez suficiente e justo para o que sinto. Por isso é-me difícil este adeus. Estes momentos de despedida. Em Setembro deixo de ir ao infantário. De as ver e de saber que está tudo bem.
São Bartolomeu e todas as pessoas que lá estão são únicas, são especiais e incomparáveis. São família. A minha.


13 de maio de 2015

thesis

Há pessoas que gostam de ignorar o que as faz sofrer. Eu não. Sou fã da expiação.
Mantenho desde Maio de 2013 um álbum onde vou despejando as angústias e também conquistas da escrita da tese. Hoje publiquei mais uma imagem lá e acabei a rever o álbum todo. É giro ver os meus desesperos em coisas já ultrapassadas.
Hoje enfrento mais um desespero noite adentro: a porra da análise dos dados.
Acho que até uma velinha vou acender neste caso.

Podem passar em revista a minha vida, porque basicamente isto tem sido a minha vida desde 2013, aqui.

ser mãe da madalena..

...é acordar às 7h da matina para executar trabalhos de manicura ao som das músicas do Frozen.


11 de maio de 2015

manifesto geral

*Esta publicação contém linguagem inapropriada para pessoas sensíveis e menores de idade. Resguardem-se.


Faço 40 anos dentro de dois anos. Talvez porque sou precoce, talvez porque o ano passado a vida me deu a oportunidade de bater no fundo nas mais diversas áreas e cruzar-me com muitas não-pessoas, estou farta. Normalmente a malta farta-se e recomeça aos quarenta. Mas eu pretendo estar já a navegar tranquila nessa altura. Decidi na passagem de ano que este 2015 ia servir para arrumar tralhas e encerrar assuntos, encerrar maneiras erradas de ser e encarar o ser. 
E deve ser esse processo de mudança em mim, que ao contrário da tolerância que eu esperava que me trouxesse, me está a transformar numa pessoa sem capacidade de aturar merdas. Deve chamar-se a isto egoísmo. É possível. 

O meu alerta é um "foda-se" que me sai (mesmo que só saia para onde eu o oiço) quando me vejo perante algumas coisas e pessoas (chamemos assim): 
Pessoas desinteressantes e desinteressadas, profissionais do laxismo e do está bom assim, ausentes de autenticidade e totalmente incapazes de compreender o que é isso de ser verdadeiro, gente sem garra que nunca podem nunca dá jeito ou calha bem. Homens que sejam homens em vez de uns fracos com conversa de merda que me cansa o cérebro, mulheres que se calam e aceitam um mundo cada vez mais hipócrita que amolga quem quer ser, malta que apenas e sempre faz exclusivamente parte do problema e nunca de solução. Enfadados, mestres do queixume constante e cheios dos azares da vida. Pessoas que acham que me podem pedir tudo e mais alguma coisa à cara podre porque eu faço e até faço bem e rápido e assim não se aborrecem a pensar. Sujeitos que nunca dão mas esperam sempre receber. Que pensam e decidem tendo apenas o seu umbigo como centro decisor. Os chicos-espertos cheios de falsa simpatia que procuram a minha complacência e preferem um sim merdoso e vazio a um não honesto. E já agora, homens que acham que porque estou sozinha ando à caça em permanência e tenho é falta de homem. Não, estúpidos. Eu tenho é falta de paciência. Olhem-se ao espelho, ya? Vocês não jogam no meu campeonato e a minha vida particular não está em nenhuma das minhas redes sociais.

No meu universo particular só entram pessoas que fazem acontecer, que querem mais e estão dispostas ao esforço que isso exige, malta do trabalho, gente que teima em apenas validar a excelência como forma de ser e estar, gente que não espera que se resolva e resolve, pessoas que se afirmam expõem e vão à luta. Pessoas de quem me orgulhe pelo que são e não pelo que têm, pessoas que riem, que bebem uns copos e dizem palermices. Pessoas frágeis, que amam e dizem amo-te das muitas maneiras que se pode dizer amo-te a alguém, pessoas de afectos colo mimo e abraços. De recados e mensagens, de brincadeiras e tardes de esplanada sofá ou jardim. Gente do silêncio confortável e da companhia só porque existem. Malta que ri chora sonha. Que tenta sempre. Que dá o seu melhor. Que quer mais. Que vai. Que faz. Que diz. Que vive. Que é livre.

Pensem nisso na próxima vez que quiserem mandar um mail imbecil, um trabalho mal feito que nem sequer valeu o esforço de uma tarde, uma mensagem a pedir uma merda qualquer porque assim não se ralam, uma palavra vazia ou um sorriso esperto de quem espera conseguir alguma coisa fácil em troca. Pensem no que é que já fizeram por mim. Pelo respeito que merecem. Pela amizade que pedem. Nada? Então não se cansem. Não me cansem.

O meu manifesto é esse mesmo. 
Sou tudo para os meus e nada para os que sobram. 




7 de maio de 2015

estarolas

Há muitas vantagens em ter amigos do Tiago cá em casa. A principal é que de repente eu percebo que os putos de 11 anos são todos uns putos xarilas que não batem bem da mona e que possivelmente as minhas preocupações são excessivas e a vida de rapaz é mesmo assim.
O outro dia esteve cá o Miguel, um miúdo do mais fixe que há. Quanto mais cá vem, mais eu gosto dele.
Observá-los a trabalhar é delicioso. O sentido de responsabilidade e de preocupação do que fazer está  sempre misturado com nunca perder uma oportunidade para derivar para a palhaçada, piada fácil e imitação de todas as pessoas que fazem parte do seu universo.
A coisa era para durar uma hora, mas acabou a durar três. Eu ajudei a destabilizar um bocadinho vá.
Mas também não está escrito em lado nenhum que temos que ser sempre sérios, verdade?


2 de maio de 2015

minha nena

Desculpa filha tirar a minha mão da tua, mas é só um bocadinho. Quero guardar agora mesmo o que sinto.
Deitar-me à sesta contigo é uma das coisas mais preciosas da minha vida. Olho para ti agora e gostava de te tirar una fotografia com os meus olhos, para os outros conseguirem perceber como te vejo. Uma fotografia com o som que fazes a respirar quando dormes, com o quente da tua mão sempre entrelaçada na minha e os teus pezinhos papudos encostados a mim. Uma fotografia onde se visse bem os teus caracóis espalhados pela tua cara, pela almofada, no ar como nuvens. As minhas nuvens, as tuas mãos são minhas e o som do teu coração é meu. Aqui na cama, na sesta.
Madalena, o tempo foge tanto! Ainda metes o dedo na boca. Custou-te a deixar a chucha e agora metes o dedo na boca enquanto dormes. E aqui. Agora. Só consigo tentar encontrar uma maneira de parar este momento no tempo, na vida, no coração. Antes que cresças, antes que deixes de dormir entrelaçada na minha mão.



(...) 
Entretanto, como tirei a mão, acordou. 
- Mãe, os manos sabem que já acordei? 
- Não. Queres fingir que ainda estamos a dormir? 
- Não é preciso. A porta está encostada. Podemos só ficar aqui as duas sozinhas um bocadinho?

(Claro que sim, filha. Claro que sim.) 

teos

Uma tarde inesperada com uma das minhas pessoas especiais.
A Irene começou por ser um alvo a abater, quando a conheci há 20 anos na mesma turma que eu. A sala era demasiado pequena para nós as duas. Entretanto começámos a tolerar-nos e depois a simpatizar. Mas sem grandes intimidades. Sempre a manter a distância de segurança. Um dia fui com ela a Badajoz buscar os bilhetes para a viagem de finalistas e no regresso tivemos um grave e bastante aparatoso acidente de automóvel de onde saímos ilesas. E, talvez porque me tentou matar e não conseguiu, esse dia tornou-nos amigas para sempre. E é a amizade mais contínua, mais construída, mais consistente, mais presente, mais amizade que tenho. Efectivamente, tomamos conta uma da outra.
Temos em conjunto 7 filhos, moramos em cidades diferentes e temos vidas diabólicas. Cruzamos agendas para encontrar dias ou horas em que dê para todos. É uma daquelas coisas de "quem quer arranja maneira".
Estivemos sempre grávidas ao mesmo tempo e tivemos sempre filhos de sexo oposto. Ela ganha-me por um só porque teve gémeos da primeira vez! É a madrinha da Mia, mas só me tornou madrinha do seu último filho. O meu Tomás, que me ama loucamente, como se eu fosse alguma coisa assim muito de jeito! Mas vamos deixá-lo iludido o maior tempo possível!
Passeios com putos é com eles, porque a malta que tem um ou dois filhos vê-nos como uma espécie de infantaria ruidosa e afastam-se disfarçadamente. Mas nós gostamos uns dos outros, do barulho, do caos, das cervejas, de eu não comer quase nada e eles comerem como se o mundo fosse acabar amanhã, de eu cometer sempre gaffes ridículas nas festas deles, da Irene vir a minha casa e trazer tudo como se aqui não existisse nada, do João estar sempre na dele e a Irene sempre stressada.
Não sei quantas pessoas podem dizer que têm o tal amigo a quem podem fazer o telefonema do larga tudo e vem cá. Eu tenho.
Sem amor pode-se viver. Sem amigos não. E os Teos fazem parte da minha família, da minha história e de mim.


(Na foto só estão o Tomás, o Tiago e a Márcia. Faltam o Miguel, o Tiago Teo, a Mia e a Madalena)