13 de abril de 2015

idiotas

Aqui há uns anos numa aula defendi a tese de que devemos ser todos idiotas, pois é a capacidade para a idiotice que nos permite maior liberdade de pensar, de querer diferente e de não ter receio de correr riscos. Desde então, os meus alunos decidiram que são idiotas. E por causa disso nasceu o iMarketing, que é mantido por eles e cujo i significa "idiotas". Também por causa deles nasceu o Cocktail dos Idiotas, que é um evento de grande sucesso aqui na escolinha.

Esta tarefa de preparar alguém, num espaço de tempo cada vez mais reduzido e cada vez mais cheio de outras tarefas que não têm muito a ver com o alguém que temos que preparar, às vezes é muito ingrata. Basicamente, quando conheço cada um deles sei que começou a contagem decrescente para ficar sem cada um. Três anos depois acaba-se. Simplesmente.
Pelo menos eu vejo assim a minha profissão. Mais em espírito de missão, talvez até de forma egocêntrica, mas os meus alunos são uma extensão de mim. Se eu falhar com eles, é porque estou a falhar comigo. Claro, muitas vezes falhei. Há malta que simplesmente não quer ir além do que é e eu já aprendi a aceitar esse facto. E às vezes eu não consigo fazer mais ou melhor ou diferente.

Ainda assim, a relação que tenho com eles permite-me quase tudo e penso que eles devem achar que eu não jogo com o baralho todo (o que possivelmente é verdade), mas o que fica no fim deste três anos é o que construímos entre nós, o que fazemos juntos, o que aprendemos uns com os outros. Numa área como é o marketing, ninguém pode achar que sabe tudo ou sequer que sabe muito. Hoje em dia os meus alunos ensinam-me muitas coisas e juntos discutimos como as potenciar. Realmente, tendo que escolher uma palavra para este curso, teria que escolher "juntos". Não sei fazer nada sem eles.
Continuo ligada à grande maioria que já se cruzou comigo desde 2001, o ano em que comecei a dar aulas aqui. Sei onde estão, onde trabalham, se casaram e tiveram filhos. E não há como explicar isto, a importância disto a um miúdo de 18 anos que tem que escolher para onde vai tirar o curso. A escolha certa parece passar sempre por uma escola conhecida, num sítio onde passe uma auto-estrada. Em Portalegre não há auto-estrada. Mas constroem-se caminhos (e pessoas).

Esta semana é o Cocktail dos Idiotas e eu gostava de saber quantas escolas têm alunos que fazem coisas destas. E, sem entrar em pormenores do trabalho invisível que dá fazer isto quando se mora atrás do sol posto, deixo só o cartaz e a baba a escorrer por este cosmos da net a fora.

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