8 de junho de 2015

cila

Nunca fui muito fã da expressão melhor amiga e sempre tive dificuldade em atribuí-la a alguém com exclusividade. Parece-me que as amigas, e amigos, que tenho são tão diferentes que se complementam. Depois os tempos vão mudando, a geografia da minha vida levou-me a ter pessoas espalhadas em todo o lado e o quotidiano fixo numa cidade onde realmente não posso dizer que tenho esse alguém especial. Não me parece que tenha uma que sirva para tudo, embora tenha muitas que servem para muito.
Pensando no assunto, uma melhor amiga é alguém que está sempre. Mesmo quando está zangada connosco. Mesmo que à distância. Uma melhor amiga ouve e cuida. Tenta resolver, mas também sabe que às vezes não há nada que possa fazer além de estar ali. Uma melhor amiga, permanece. No tempo, na vida, nas decisões. E nas indecisões também! Uma melhor amiga reclama, mas aceita. Zanga-se, mas perdoa. Magoa-se, mas esquece. Celebra nas vitórias, apazigua nas derrotas.
Há aquela ideia adolescente que as melhores amigas são um género de gémeas siamesas que se separadas asfixiam e morrem. Contam tudo, partilham tudo e são inseparáveis. Não me parece. As melhores amigas podem ser muito diferentes na maneira de ser, de viver, de encarar a vida e os outros. E podem até viver com menos palavras entre si porque o entendimento entre quem se conhece não passa assim tanto por palavras. O que as torna melhores amigas é o amor, respeito, companhia, cuidado com que tratam uma da outra. A atenção e o tempo que se dedicam. Como se acompanham. E estão. Havendo um verbo, teria que ser o estar.
A minha mãe não foi a minha melhor amiga enquanto cresci. Nessa altura ela era minha mãe em exclusivo, daquelas mães duras que educam e não facilitam. Ainda bem.
Hoje a minha mãe, depois de tanto e talvez por isso mesmo, é a minha melhor amiga. E, caramba, ainda bem.


Sem comentários:

Enviar um comentário