5 de fevereiro de 2015

amote sem tracinho

Não há ninguém mais doce que a minha filha Mia. Claro que esta doçura toda tem um lado mais torcido e muitas vezes difícil. Principalmente quando falamos de alguém à beira de fazer 14 anos. (Agora ao escrever 14 anos, pareceu-me estar a dizer que ela ia sair de casa e fazer-se à vida e que se tinha acabado este bocadinho pequeno em que as mães têm o direito inteiro da vida dos filhos. Senti medo.)
A Mia, ao contrário dos irmãos, não tem muitas histórias particularmente diabólicas ou engraçadas. Mas tem muitas sarcásticas e refinadas. É o grilo falante cá de casa, sempre atenta e comentadora do que se passa. É também a filha mais doce, mais cheia de amorzinho para ir deixando aqui e ali. Mais cuidadosa nos afectos, de beijinhos e de carinhos. Não falo muito nela aqui porque aos 14 anos a sensibilidade e atenção a infindáveis potenciais intenções nas palavras que se dizem e se escrevem estão no auge. E eu tenho muito respeito (medo) disso.
É a Mia que se despede de mim (sempre) com um amote sem tracinho para nada nos separar.
E agora estava aqui a pensar que não são estas maratonas de trabalho que me matam. Não são. O que me mata, o preço disto, é o tempo que eu passo ausente destes amores sem tracinho.

(Estas fotos foram tiradas em 2009, tinha a Mia 8 anos. Mas eu sempre as adorei. São ela.)




Sem comentários:

Enviar um comentário