12 de setembro de 2022

seis anos depois

É aceitar, que dói menos.

Passaram num piscar de olhos estes 6 anos de ausência.

Não, não é verdade. Parece que foi noutra vida. Parece que está aqui o relato de outra pessoa qualquer. Agora leio o que escrevi e lastimo esta ausência. Quantos pensamentos ficaram dentro de mim e quantos outros perdidos para sempre?

Primeiro, o silêncio que se instalou depois da Grécia e, durante muito tempo, a vida toda invadida pela Grécia, e a vontade cada vez maior de me silenciar. Nem era vontade, era uma coisa maior que eu, não intencional. Um silêncio que veio e me roubou qualquer palavra que pudesse ou quisesse dizer.

E depois, a vida, em catadupa. O ritmo mudou, os acontecimentos atropelaram-me, fizeram-me primeiro sair muito de casa, depois enfiar-me muito em casa, dentro de mim.

E agora, de há uns tempos para cá, comecei a pensar em voltar a escrever. Fui-me derrotando com as evidências da falta de treino, que me roubam palavras e me dificultam o pensamento mais articulado. Ainda tenho muita dificuldade em expressar-me por palavras. Mesmo quando falo, nem sempre faço sentido. Tudo isso contribuiu imenso para o silêncio.

Volto agora, nesta tentativa meio escondida de ir ganhando voz. A minha voz interna, confusa e errática. Insegura e ansiosa. A minha voz cheia de seis anos muito grandes sobre os quais, eventualmente, falarei. Volto, infantil. Mas volto. Ou tento, vá.







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